Marcando posição
Salamalaia
Essa vacina existe, e vem pelo Senhor Jesus. Em tempos de acirramento político por parte dos que detém o poder, contra os pequenos avanços sociais ocorridos nos últimos anos, o ódio é o sentimento que destacou-se no Brasil. Ele sempre existiu, sabemos. Mas aparentemente estava sob controle, apesar de toda a brutalidade que observamos em nosso cotidiano.
Esse ódio que nos cerca, e como posicionar-se é o que me ocupa nesse post.
Em textos anteriores, notadamente Engajamento político e Cidadania, a prova de fogo do crente, tenho buscado entender como sobreviver, na esperança da salvação de minha alma, sendo cristão, sendo servo de Deus, à tentação do engajamento político.
Pois para mim é isto, uma grande tentação. Devo firmar a minha fé e entendimento sobre a soberana vontade de Deus, sobre seus planos, sobre os destinos já traçados por Ele para a história humana.
Mas sempre seremos cobrados sobre nosso comportamento. Jesus foi muito enfático:
35 Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me;
36 Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e foste me ver.
37 Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber?
38 E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? ou nu, e te vestimos?
39 E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te?
40 E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.
Só nestes poucos versículos, contamos com uma imensidão de atividades, para todos os gostos e inclinações, para aqueles que desejam fazer algo. A caridade é o dom supremo, mas o mandamento primeiro é amar a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo como a si mesmo.
O ódio e a vingança, sempre tão presentes em nós… Cabe apenas a Deus aplacar a impiedade humana através de Sua ira e justiça. A obediência a governos e patrões é um mandamento bem claro também, desde que não fira nenhum mandamento de Deus.
Há os que se iram por observar que mais pessoas tem acesso a bens antes restritos a poucos. Há os que nos iramos por observar o quanto há de pessoas que poderiam estar usufruindo bens materiais e espirituais que em geral são tão criminosamente administrados e que estão à disposição.
Cristãos legalistas, como os tão duramente criticados por Jesus, se apegam a tradições e valores criados e defendidos à margem da Palavra de Deus, e tornam-se assustadoras fábricas de heresias.
Em nome de valores terrenos como família e pátria, defendem o homicídio, a perseguição a estrangeiros, a injustiça praticada por patrões e governos, ódio, egoísmo, avareza (que no Novo Testamento é descrito como idolatria, no versículo 5 do capítulo 3 de Colossenses) e até mesmo violência sexual.
E nessa divisão social que percebemos mais claramente, há sempre a opinião diversa de quem nos é querido. Mas algumas pessoas compartilham a mesma fé, e isso é o que dói mais. Sabemos, ambos, o que agrada ou desagrada a Deus. Mas a tentação do engajamento político cega. O amor a Deus se torna uma superstição, perde seu real valor.
Tenho escutado posicionamentos que fervem meu sangue e me jogam para o debate. Mas a vacina contra o ódio funciona. A palavra de Deus, se sentida e entendida e guardada e executada, surte seus efeitos.
Apesar de todos que me cercam e me tentam à luta, vacinado que estou, resisto ao ódio. Suplanto o ódio. Sublimo o amor.
E tudo isso serve como referencial para nos guiar na direção a seguir. Muitas vezes, é preciso posicionar-se dura e claramente com os que estão na mesma fé. Devemos esclarecer, ser esclarecidos, sobre o que a Palavra de Deus ensina ou ilumina sobre cada fato.
Por exemplo, na luta aberta e armada, quem tem razão? Capitalistas ou socialistas? Não posso julgá-los, mas devo posicionar-me sobre cada um, devo abrir a minha mente para saber onde estão os valores cristãos, e onde estão as abominações. Onde há traço da justiça divina e onde há adulteração.
Entendo que o homicídio não deve ser praticado. Entendo e aprendi que não devemos buscar a salvação de nosso corpo, pois assim se perde a nossa alma. Um cristão é ensinado a morrer sem contra-atacar. Desse ponto de vista, ambos estão em erro. Mas errar é do humano.
Há dois fundamentais critérios, que separam o cristão dos lobos travestidos em cordeiros: a verdade e a opressão. E aqui não há mais erro, há justiça ou abominação.
Quem mente? Quem conta a verdade? Quem oprime? Quem se beneficia? Quem perde? Quem sempre esconde o que faz e mente e adultera situações? Quem faz as coisas abertamente?
Afinal, se apoio mentiras, prostro-me diante do pai da mentira, e nego a Deus.
Vi hoje uma justa indignação de uma pessoa envolta por todas confusões típicas de alguém que defende os que exploram. Durante a mais recente ditadura instaurada no Brasil, grupos armados revolucionários agiam contra o estado brasileiro, e contra seus beneficiários. Perderam a guerra, foram dizimados.
Perder é uma grande possibilidade para quem luta. A esquerda, em especial grupos revolucionários, foram esmagados. Mas mataram, usaram bombas, sequestraram, executaram. Qual, então, a diferença entre os revolucionários e os agentes da ditadura?
A quantidade de violência empregada? A qualidade da violência empregada?
Nada disso, pois violência é violência, homicídio é homicídio. O que os difere é a clareza com que agem.
Os grupos revolucionários assumem o que fazem e deixam sempre muito claro suas motivações. Os grupos usurpadores sempre mentem. Nunca admitem o que fazem. Sempre manipulam, sempre ocultam.
Temos décadas de documentos estatais repletos de informações falsas, algumas assustadoramente descaradas, como pretensos suicídios, ou pretensas mortes decorrentes de confronto.
Eu fico com a verdade, com Deus, e com aquele que sofre, explorado, humilhado, encarcerado, desprovido de uma vida digna. Aos que mentem, exploram, idolatram o ódio e trazem tanto sofrimento, esses terão um terrível acerto de contas com Deus.