Paulo Henrique Rodrigues Pinheiro

Um blog sobre programação para programadores!


A estrela e o arauto

Amor

O arrogante arauto pensava tudo saber pensava tudo anunciar pensava intensamente viver e escondia-se o pobre arauto da vida mesmo escondia-se da vida caminhando à margem escondia-se da vida caminhando na contra-mão e quanto mais rápido caminhava na contra-mão mais distante de suas anunciadas novas ficava e quanto mais distante percebia-se das novas mais rápido seguia pela contra-mão e quanto mais rápido seguia pela contra-mão mais longe percebia-se da vida e nesse incessante movimento perdia-se cada vez mais pois não podia perder tempo com as besteiras que aos normais interessava e por se desinteressar das coisas normais das coisas que mais intimamente se manifestam no interior de qualquer humanamente humano ser inclusive os não normais quanto mais se desinteressava dessas coisas mais se desgostava da vida que não levava e desprezava mas que no fundo é a vida que precisa só que agora se afastava nem tão rapidamente mas o que importa afastar-se lentamente se o afastamento continua e a vida segue seu rumo como um trem que só pára se descarrilar e esse trem segue ao infinito e não pára só pára se descarrilar assim como a vida só pára se sairmos da linha e a morte a morte não pára a vida a morte a elimina mas quando saímos da linha da vida ficamos à margem como um corpo inerte que apodrece lentamente um corpo que existe mas que apenas fede e não tem vida ficar à margem sem poder caminhar sem ter os trilhos que facilitam o viajar descobrir novos caminhos não é ruim mas há caminhos muitos caminhos prontos que podemos escolher muitos caminhos muitas possibilidades muitos entroncamentos basta escolher e o arauto seguia em seu não seguir na verdade um não seguir que era seguir a um não destino para que os outros não olhem e digam um corpo que apodrece pois é melhor ser um corpo podre que anda que ser apontado como um inerte corpo podre e nesta escuridão havia um brilho um brilho ignorado pelo arauto pois o arauto queria enxergar lá à frente e a luz o impedia de seu não enxergar pois era muito à frente e desviando seu olhar da luz que lhe chegava começava a olhar para os lados e olhar para cima que luz é essa mas um arrogante arauto não precisa de luz e o arrogante arauto tenta se desviar da luz da estrela mas a luz o ilumina de cima não tem escapatória e o arauto resolve despir-se da arrogância e caminhar nu com muito medo mas decidido a luz sorri e o medo desaparece e parece que a luz se alegra e a luz lhe fala e o arauto treme mas responde a luz o ilumina e a voz o chama o curioso arauto decide seguir a luz e a voz mas a estrela está muito alto será uma inalcançável estrela ele se pergunta a estrela escuta e diz que só depende dele mas a estrela estende a mão e o arauto a segura e conversando com a estrela o arauto percebe o quanto há a descobrir e a aprender e a viver e nesse encontro de mãos que se apertam e se buscam o arauto retoma um velho sentimento rumo ao encontro dessa estrela alva estrela sorridente estrela apaixonante estrela o arauto redescobre o que é amar.