Paulo Henrique Rodrigues Pinheiro

Um blog sobre programação para programadores!


O capitão carniceiro

Passado quase um século, precisamos entender o mundo pré-revolução socialista no século XXI, em terras brasileiras.

O Brasil, por volta da segunda década dos anos 2000, deparou-se com a mais terrível carnificina ocorrida em seu território. Tal como ocorrido na Alemanha no início do século XX, um grupo violento e alicerçado na difusão de notícias falsas, com irrestrito apoio de empresários, banqueiros e, específico à formação econômica brasileira, latifundiários, chega à presidência da república.

Não só isso. Sendo a mais importante rota de distribuição de drogas para o mundo, tira dos porões, nesse momento histórico, os chamados milicianos, que nada mais são que um arranjo entre forças policiais e de repressão, militares, empresários, banqueiros, religiosos de linha semelhante à que Jesus chamou de hipócrita, e na linha de frente, traficantes.

Os grupos criminosos que operam a dita acumulação primitiva do capital, ou seja, crimes como tráfico e roubo de cargas e a bancos, que acumulam poder e finanças para a constituição de novas fortunas e grupos empresariais, estão finalmente representados e infiltrados em todas as esferas de poder da República. Interessante característica dessa época, é o uso de militares profissionais para ocupar cargos na esfera civil da administração pública. Esse é uma fator importante para a caracterização de uma guerra de extermínio ocorrido na época.

Nos primeiros dias da tomada de poder por esses grupos, assentamentos de trabalhadores rurais sofrem atentados terroristas. Os povos indígenas tem a violência contra a sua existência aumentada. Os negros continuam sendo alvos preferenciais e livres de consequências para os policiais. A homofobia recrudesce, atinge-se níveis alarmantes de assassinatos contra as pessoas que afrontem a delicada segurança dos héteros. O feminicídio torna-se algo normal. A população em situação de rua aumenta drasticamente, e começa a ser perseguida com método e planejamento, com despejos e roubo de seus pertences pessoais por parte das forças de repressão.

Aqui temos dois fatores: o governo e seus apoiadores adotam uma ideologia de cunho fascista. Muitos dos apoiadores e intelectuais são declaradamente nazistas. Mas nazismo e fascismo precisam de um inimigo interno, e num país latino-americano, não há como basear-se em conceito de raça.

Esses grupos elegem os pobres como inimigos.

O fascismo brasileiro, sempre alinhado com as forças nazifascistas internacionais é, em primeiro lugar, aporofóbico. Sempre foi, mas em seu breve exercício do poder, desnudou-se por completo.

Antigo projeto do cabeça desse sindicato do crime, era a execução imediata de alguns milhares de brasileiros, quando fosse presidente. Aproveitando-se da pandemia que varreu o mundo, o novo governo corta todos os recursos para o combate desse mal, a assistência econômica de emergência, e sabota o sistema público de saúde. Em algumas regiões do país, médicos alinhados a esse horror, realizam terríveis experimentos na população que, além de muito sofrimento, levam à morte.

Surge um novo tipo de guerra.

Se até então a novidade era a guerra irregular moderna, essencialmente urbana, cujo palco se dá especialmente nos maiores centros, agora temos uma gerra de extermínio, genocida, de alcance nacional completo.

Ao sabotar o sistema de saúde público, recusar-se a distribuir medicação, e espalhar notícias falsas, inclusive note-se, esse governo é eleito por meio da maior fraude eleitoral de que se tem conhecimento no velho mundo capitalista, as mortes e a impossibilidade de enterrar corpos torna-se cotidiano.

Ainda durante a fase mais aguda do isolamento social, forças populares articulam-se e dão início às grande movimentações e lutas que mais tarde levarão à queda do domínio burguês na América Latina.

Esse breve e sangrento governo é destituído, e seus integrantes e maiores apoiadores são caçados mundo afora, e julgados por crimes de guerra, tipificação jurídica que se deslumbrou à época, apenas quando cortes internacionais e a ciência histórica militar concluíram que uma guerra genocida ocorreu.

Poucos dos capturados não foram condenados à pena de morte.

O capitão carniceiro, como a imprensa da época o qualificou, quando em fuga pelo mundo, sofre atendados contra a sua vida, mas as forças especiais conseguem capturá-lo vivo e trazê-lo de volta ao país que ele lavou em lágrimas e sangue.

Nenhum dos familiares, ainda vivos, reclamou seu corpo.